Enfermagem e Covid-19
- Lacuiden Imagens
- 12 de mai. de 2020
- 2 min de leitura
MORTE DE ENFERMEIROS E EQUIPES: O que de fato precisa ser desvelado sobre a incidência de morte entre esses profissionais da linha de frente de cuidado e assistência à saúde dos infectados pelo COVID-19?

É evidente, embora de raríssimo reconhecimento dos nossos governantes e da própria sociedade, que o trabalho desempenhado pelos enfermeiros e suas equipes nas instituições de saúde determina a qualidade dos serviços, cuidados e assistência de saúde, prestados aos doentes, em qualquer parte do mundo. Definitivamente, nosso dever profissional remonta tradição histórica de compromisso com a preservação da vida do nosso semelhante, preconizada por Florence Nigthingale, chama simbólica de energias de cura de significado que transcende aos efêmeros ímpetos dos aplausos sazonais decorrentes da pandemia COVID-19. Em que pese o desgaste físico, emocional e espiritual consequente do nosso trabalho cuidando das pessoas acometidas pelas formas mais graves do vírus, o afastamento dos nossos familiares, amigos e pessoas significativas, continuaremos firmes e determinados nos cenários de prática do cuidado aos nossos semelhantes, por força do compromisso ético e princípios morais norteadores do nosso exercício profissional. Contudo, não estamos na linha de frente para morrer e os fatos recentes nos assustam sobremaneira. Dados divulgados pelo Conselho Federal de Enfermagem, indicam que até 6 de maio de 2020 foram identificados 73 óbitos de profissionais pela COVID-19 no país. A maior parte composta por profissionais jovens, desses 41 tinha menos de 60 anos, inclusive uma vítima de apenas 29 anos. Para efeito de comparação, os Estados Unidos, país com maior número de vítimas da pandemia, perdeu 46 profissionais de enfermagem, de acordo com dados divulgados pelas entidades de classe daquele país. Ademais, a Itália, segunda nação mais afetada pela doença com mais de 29.000 vítimas, registrou 35 óbitos de profissionais de enfermagem, e a Espanha, em seguida, com 25.000 mortos, teve apenas 4 óbitos entre profissionais da área, segundo dados divulgados pelas entidades de classe de ambos os países. Sabemos que as mortes de enfermeiros e demais profissionais de saúde têm relação direta com a deficitária oferta e disposição de equipamentos de proteção individual (EPI), nas unidades e serviços de saúde que prestam atendimentos às pessoas contaminadas pelo COVID-19, da mesma forma, exigimos providências de quem de competência para que a linha de frente não seja análoga às trincheiras de guerra. A questão que se coloca é: Até quando o sacrifício da própria vida vai atrair e manter gerações de enfermeiros entrincheirados nos cenários de cuidado de pessoas infectadas pelo COVID-19, hoje, similares aos campos de morte?
Prof. Dr. Wilian Macado – Docente do PPGENF/PPGSTEH/PPGENFBIO – EEAP/UNIRIO
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